quinta-feira, 12 de abril de 2012

Nova morada

Especial para o Jornal do Lago Norte

Meu pai gostou de viver no Lago Norte. Adorava dizer: “O Lago Norte é maravilhoso. Não existe lugar melhor para morar”.  Ele sempre se orgulhou de fazer parte dessa comunidade. Também, não é para menos. Batalhou muito para construir a casa onde moramos há 27 anos. Começou a trabalhar com apenas oito anos de idade e aprendeu uma profissão. Como protético, realizou sonhos e, cá entre nós, haja dentadura para dar o conforto que tivemos e temos até hoje.

Ele e minha mãe (como dentista) tocavam, juntos, um consultório dentário e um laboratório de próteses na Ceilândia. Lá, tiraram o sustento e, assim, puderam levantar nosso amável lar no Lago Norte. Embora hoje nossa casa esteja vazia sem ele, traz, em cada canto, uma lembrança, principalmente no jardim. Sinto a presença do papai nos variados sons de passarinhos que ele adorava imitar; nos macaquinhos saguis que nunca perdiam a oportunidade de filar um pedaço de banana deixado por ele no quintal; no ninho de passarinho improvisado na varanda que, constantemente, vejo um danadinho entrar e sair de lá; e, claro, nas orquídeas, as preferidas entre várias plantas que cultivava com total dedicação e carinho.

Papai era trabalhador, simples e gostava da tranqulidade. Como boa parte dos moradores do Lago Norte, adorava curtir o cantinho dele com a família. Ele também gostava de cozinhar. Em muitos domingos, reuniu os amigos para servi-los, com um churrasco de primeira. Só almoçava, quando todos estivessem satisfeitos. Depois, não dispensava um bom cochilo na rede do quarto. Após a soneca, ajudava a minha mãe com a bagunça e terminava o dia com um cafezinho da tarde. Era, sem dúvida, um homem admirável. Pai, esposo e amigo dedicado.
                                                                                                                  
No dia 18 de março de 2012, Ivan Izidoro Angelo nos deixou. Mais uma vítima do câncer. Sei que meu pai cumpriu a missão dele na Terra. Sei também que tudo que fez foi pensando na família. Apesar da falta que faz, me consola saber que ele está em um lugar melhor. O bairro dele agora, certamente, é ainda mais florido e tranquilo que o Lago Norte. Se ele gostava de morar aqui, imagina no paraíso. Em sua nova morada, não há mais choro nem dor, só paz e amor. Tenho muito orgulho de ser sua filha. Até mais, meu paizinho querido. “Dorme com os anjos e papai do céu”.



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