quarta-feira, 11 de maio de 2011

Praticando o desapego

Haverá o momento em que deixaremos o Lago Norte. Porém, para alguns, o retorno é possível

Especial para o Jornal do Lago Norte

Em uma manhã ensolarada de sábado, resolvi pegar o carro e fazer um tour pela Península Norte, para ver o tipo de pessoa que ainda vive por aqui. E, na verdade, o que me chamou a atenção foi a quantidade de faixas espalhadas pela EPPN, anunciando venda de casas. Para quem não conhece, a sigla abrevia o nome da rua principal do nosso bairro: Estrada Parque Península Norte.

Em um dos nossos papos, disse que muitos dos meus amigos de infância não moram mais no Lago Norte e que a maioria construiu uma família em outros bairros. O lance é que boa parte das pessoas da minha geração não tem um orçamento compatível com o dos pais, que conseguiram construir enormes casas e ainda mantê-las. Gente da minha idade, quando se casa, é “forçado” a sair daqui. Pensando bem, acho que é por isso que o meu casamento ainda não aconteceu. Cá entre nós, qual é o cidadão que quer sair do Lago Norte? Difícil achar o biruta. Além disso, morar com a sogra, seguramente, não é a melhor opção. Quem casa quer casa, não é mesmo?

Para mim, os anúncios que observei nas faixas, durante o meu percurso pela área, são exatamente por essa migração de pessoas, que estão começando a vida, para outras regiões. Aí, o lugar construído para criar os filhos torna-se vazio sem eles. Solução: vender o domicílio e comprar um local menor, mais prático, que supra a necessidade de duas pessoas.

Atualmente, sabemos que a maioria dos moradores são idosos, os jovens que ainda não possuem independência financeira ou aqueles que gostam do conforto de morar com os pais. Mas quem serão os futuros habitantes do Lago Norte? Sem dúvida, gente que tem bala na agulha. Porém, podem ser também os herdeiros dos que não venderam suas casas. Muitos deles, certamente, meus companheiros de geração e a recente família. Neste futuro (creio que está bem próximo, pois o tempo voa), como estarão as coisas no nosso bairro? Será que até lá a segunda ponte saiu?

Cresci no Lago Norte, mas sei que não vou morar aqui a vida inteira. Quem sabe poderei voltar um dia, mas, prefiro nem pensar sobre isso.  Para quem cresceu aqui, a mudança não é fácil. Entretanto, tudo tem o lado bom. Além de ter boas histórias para contar aos meus filhos, praticarei, ainda, o desapego. Na verdade, o que levamos desta vida é o aprendizado, pois a matéria, ah, essa aí, com o tempo, não existirá mais.

6 comentários:

  1. Fernanda,
    Gostei muito! Aliás, isso não é surpresa. Quem conhece você e o seu potencial sabe que este blog já é um sucesso. Sua crônica mostra claramente sua sensibilidade, sua maturidade e um justo carinho por nosso bairro.
    Isso faz lembrar o Jingle da Rádio Península FM, 98,1 :
    "Península, meu lago, meu mar, meu norte.
    Meu porto seguro, me dá muita paz, me traz boa sorte".
    Parabéns, Fernanda!
    Um forte abraço.
    Nilson Gonçalves

    ResponderExcluir
  2. Fê adoro os seus textos! Sempre que posso passo por aqui pra espiar!
    hehe...
    Parabéns pelo blog FÊ!
    Saudades!!!
    =)

    ResponderExcluir
  3. Conpartilho suas palavras e sentimentos.
    Idem idem.
    Valeu pela expressão necessária p mtos "herdeiros", estejam ou não no LN.
    Robinson Jamal

    ResponderExcluir
  4. Adorei, Fê. Adoro o Lago Norte... e quando sair daqui sentirei saudades. Beijão

    ResponderExcluir