Por Soninha Francine
Revista Vida Simples
Quem já andou de bugue nas dunas em Natal sabe que o condutor pergunta sempre aos passageiros, antes de começar o passeio: “Com emoção ou sem emoção?” Eu, que tenho medo de carro como outros têm de avião, peço “sem emoção” – e ainda assim passo um sufoco danado nas ladeiras e curvas mais acentuadas. Não gosto de brincar com essas coisas de ferro e velocidade.
Mas isso não tem nada a ver com o que pretendo dizer agora. Só me lembrei da pergunta porque outro dia me ocorreu uma muito parecida, diante de situação bem menos ameaçadora (mas potencialmente perigosa): “Com paciência ou sem paciência?” Diante de tudo na vida, a gente pode escolher com ou sem paciência. O problema é que, aparentemente, não temos escolha. A impaciência explode como se não tivéssemos qualquer poder para detê-la. Mas a menos que acreditemos que ela é uma entidade com vida própria, precisamos reconhecer que a impaciência depende de uma decisão (ou omissão).
A paciência tem mil e uma características e utilidades, como a famosa palha de aço. Precisamos ser pacientes com as coisas que não são como gostaríamos, e que estão – elas sim – completamente fora do nosso controle. O trânsito é o exemplo clássico dos nossos tempos. Adianta surtar com os mil carros à nossa frente? Mas, se sabemos que eles vão nos tirar do sério, temos uma escolha – o famoso “sair mais cedo”.
Temos de ter paciência com o que é “naturalmente” demorado – a água que não ferve, o programa de computador que não abre, o elevador que não chega. Em vez de simplesmente esperar, temos o hábito (é, hábito) de ficar impacientes, tamborilar na mesa, bater o pé, praguejar, respirar mais forte. Como se ficar com raiva fizesse bem e aliviasse a espera, ou fosse um direito adquirido; como se fosse meio idiota ficar calmo quando estamos com pressa. É, eu já reparei que, quando estou atrasada, não ficar nervosa parece até falta de educação. O “certo” é se estressar. Até parece que resolve muito. O mais provável é travar o *&%$ ˜ do computador e perder mais tempo ainda.
Mas não é só nessas horas de crise aguda que paciência ajuda. Existem problemas crônicos que fazem muito menos mal à saúde quando são acompanhados por ela. Por exemplo: ter de pedir mil vezes a mesma coisa para marido, filhos, funcionários. Em vez de perder a cabeça, é muito mais produtivo simplesmente repetir o pedido tantas vezes quanto for necessário, com a mesma paciência da primeira vez. Claro, chega uma hora em que é preciso ser mais duro, mais exigente, mas nem quando se atinge esse ponto é preciso surtar.
Falar é fácil, não? Mas convencer-se da utilidade da paciência é meio caminho andado. Porque está cheio de gente por aí defendendo o valor do chilique ou do descontrole. Eu às vezes tenho um ataque, mas não acho nada bonito e não recomendo para ninguém. Estou bem longe de ser um Dalai Lama,mas sei que é esse o meu modelo de sucesso – não a louca estressada que às vezes “toma conta”de mim.
Soninha Francine era mais nervosinha antes de aprender a meditar e treinar para ter mais paciência.
ter paciência tá no top 10 das coisas mais difíceis do mundo, tenho certeza! mas tb deve estar no top 10 das coisas mais saudáveis do mundo, imagino. ;)
ResponderExcluirficou lindo o novo layout do blog, amiga! =*