quarta-feira, 16 de março de 2011

Levando brincadeiras a sério

A graça era se divertir com os amigos na rua. Hoje, as coisas mudaram, e como mudaram...

Especial para o Jornal do Lago Norte


Quando criança, adorava ser moleca: subir em árvores, brincar de polícia e ladrão, jogar bete na rua.  Ai, quantas vezes ralei o dedo no asfalto. E como dói. Quem cresceu no Lago Norte sabe do que estou falando.  A criançada se reunia para brincar e, muitas vezes, aprontar, como apertar a campainha dos outros e sair correndo ou, até mesmo, pular no vizinho e pegar umas mangas emprestadas. É que depois nasciam outras para substituí-las. O fato é que eu me divertia.

Atualmente ainda moro no mesmo endereço, com meus pais. Só que com uma grande diferença. Meu Deus, cadê as crianças desse lugar? Tenho algumas explicações para essa indagação. Muitos dos meus amigos de infância não moram mais aqui. Casaram e construíram uma família, a maioria em outros bairros. É que morar no Lago Norte, para gente da minha geração, não cabe no orçamento. Mas isso é papo para outro dia. Prometo.

O que quero falar, é que as crianças mudaram muito. A graça de brincar na rua se perdeu. O barato de hoje é bate-papo pela internet, encontros em redes sociais e brincadeira no computador. Será que isso é bom, ou eu já tô ficando velha? O contato físico para mim ainda importa um tantão. O tête-à-tête (expressão francesa/ tête = cabeça) é bom mesmo no cara a cara, no olho a olho, no dia a dia.

A meu ver, é assim que desenvolvemos o nosso poder de socialização e, por consequência, formamos a nossa personalidade. Em uma sala virtual, certamente, perceber o que o outro realmente pensa é Missão Impossível IV. Quantas vezes, em conversa virtual, você escreveu “kkkkkkkkkk”, quando, na verdade, nem teve tanta graça assim. Se existe mais contato físico, as crianças crescem mais expressivas, com mais opinião sobre as coisas. É a mais perfeita forma de conhecer alguém de verdade e sentir, de cada um, o valor da amizade. 



6 comentários:

  1. Fernanda, você é muito talentosa ao escrever cronicas. Adorei! Voltei no tempo e relembrei os bons e velhos tempos. Parabéns! Beijos. Marina.

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  2. Fernanda,

    Que bacana o texto. Por alguns instantes viajei no passado e lembrei de como aproveitamos nossa infância no lago norte. A criançada toda na rua brincando sem maiores preocupações...Realmente as coisas mudaram, algumas pessoas foram embora, mas o bairro continua sendo muito bom de se morar. Gostei muito do blog! Visitarei sempre! Sucesso! Bjs RaFa

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  3. Fernanda, esse sumiço das crianças não é evento particular do Lago Norte e tem a ver com o que eu chamo de Recavernização Humana (relembrando Platão), assunto que vou tratar ainda hoje em meu Blog... www.sonirjboas.blogspot.com

    Conto com tua participação e observações críticas.

    Abraços fraternos,,


    Sonir J Boas

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  4. Gostei muito Fernanda! Boa reflexão! E me lembrei das milhares de vezes que fui na sua casa na infancia... e o quanto eramos molecas e nos divertiamos. Concordo com vc... Grande abraço saudosista! Lia

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  5. Eu adorava brincar de tudo que tinha corrida: pique pega, pique azul, pique esconde... Fiz uma promessa pra mim mesma qndo eu tinha quase 9 anos. Prometi que ia correr para sempre. É CLARO QUE NÃO CUMPRO MINHA PROMESSA!!! KKKK...
    Bjus, Fer.

    Érica Marques

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  6. Infância no Lago Norte foi o máximo:

    Queimada, porradobol, bicicleta, skate, festa americana (com direito a dança da vassoura), bete (inúmeras bolas de tênis perdidas), corrida de tampinha na areia, estilingue de cano e balão, acampar dentro de casa, aprontar no Clube do Congresso, invadir casas abandonadas, bombas de cloro e leite, brincar em casas em construção (a do Alexandre Garcia era fenomenal), assalto à geladeira, invasão de piscina, invasão de festas (quando ainda eram feitas com o portão aberto), trilhas no mato, ir a pé até o lago, descobrir o Lago Norte de madrugada...etc

    E isso que joguei muito videogame também! A criançada não se reune mais, porém existem ainda excessões. Agora moro na Asa Sul e embaixo da minha janela se reunem todos os dias de 10 a 30 crianças para brincar. Acho lindo.

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